O baixo temor que tenho
Por você me faz perceber
Um homem muito mais viril
D'um jeito que só Deus sentiu.
Finjo amor por você
Pra me salvar dos tédios
Dos ponteiros dos fuso-horários
Vivo anti-horário.
Salve-me se puder,
Preciso mentir amor
Nessa bestidão de vida,
Jogar água de sal nas feridas.
Venho de um mundo
Totalmente racional
Onde não cabe ser
Minimamente incomum.
Onde um mais um é dois
Vivo entre a solidão e o depois.
Flores, chocolates, poemas...
Pra poder comer a mocinha
[ do cinema...
Queria sentir um amor anti-cristão
De morrer nas cruzes da confissão]
Cadê as cartas que te dei?
Será que o vento levou
Ou tú rasgas-te sem amor?
Olhe bem, não estou pedindo
Permissão pra desligar a televisão
da minha cabeça, pois a atenção
está do meu lado, assim como o tempo
está pro destino dos infelizes.
Camisa-de-força perene
As loucuras sãs da vida,
Que a gente teima em endoidecer,
Despedaçar a sobriedade divina.
Tento acabar com as marcas
Juvenil de ontem, sem
Perguntar ao menos como
Fazer o novo.
Vou embora sem respostas
Dadas, você as deixou implícitas
e guardadas do lado de fora
da nossa casa.
Markoz Montello / Tárcito Lear.
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