terça-feira, 9 de junho de 2009

FEITO DE ÉTER


O baixo temor que tenho

Por você me faz perceber

Um homem muito mais viril

D'um jeito que só Deus sentiu.


Finjo amor por você

Pra me salvar dos tédios

Dos ponteiros dos fuso-horários

Vivo anti-horário.

Salve-me se puder,

Preciso mentir amor

Nessa bestidão de vida,

Jogar água de sal nas feridas.


Venho de um mundo

Totalmente racional

Onde não cabe ser

Minimamente incomum.

Onde um mais um é dois

Vivo entre a solidão e o depois.


Flores, chocolates, poemas...

Pra poder comer a mocinha

[ do cinema...

Queria sentir um amor anti-cristão

De morrer nas cruzes da confissão]


Cadê as cartas que te dei?

Será que o vento levou

Ou tú rasgas-te sem amor?


Olhe bem, não estou pedindo

Permissão pra desligar a televisão

da minha cabeça, pois a atenção

está do meu lado, assim como o tempo

está pro destino dos infelizes.


Camisa-de-força perene

As loucuras sãs da vida,

Que a gente teima em endoidecer,

Despedaçar a sobriedade divina.


Tento acabar com as marcas

Juvenil de ontem, sem

Perguntar ao menos como

Fazer o novo.


Vou embora sem respostas

Dadas, você as deixou implícitas

e guardadas do lado de fora

da nossa casa.



Markoz Montello / Tárcito Lear.

Nenhum comentário: