sábado, 28 de março de 2009

Minha velha senhora

Minha alma hoje partiu junto com você..
partiu pr'um lugar que tu há de me receber
um dia, quem sabe..
Nós nos completavamos...e lembra eu quando criança?
Brincamos, pulamos...choramos, mas sempre com uma cumplicidade que só nós sabiamos entender.
Hoje a senhora está presa nas grades da eternidade...da morte!
E eu estou aqui....vivendo, pra não me fazer esquecer
de nós duas...ficamos unidas em um corpo apenas.
Eu aos gritos tento te renasçer...
Aos berros, tento de trazer pra compartilharmos
nossos segredos...entretanto, sei que isso é uma causa perdida.
Lembro quando me falaste que daria a vida por mim.
E agora posso entender o que querias falar, claramente.
Mas isso não me conforta. Isso só me faz acreditar
que você cumpriu com a trato.
Estou aqui em prantos, pedindo, perguntando á Deus
o porque da sua decisão...e ele, calado, não me respode
o que desejaria ouvir...apenas cala-se.
Vejo-te parada, intácta, imóvel...
Num curto espaço...caixão!
Esse lugar que, um dia, ei de visitar.
Vou me despedindo de você...
com gestos que são o meu último adeus!
Uma flor...
Um punhado de areia...
E, ao longe, uma marcha funébre..
que, enfim, sacramenta, não digo tua partida,
mas nossa breve separação.
Mais, juro eu, que os microbios que te corroerão
não vão me fazer esquecer o calor do teu corpo...
Quente...
Sauve...que me acareciavam.
E que agora, nesse último encontro estava..
Pálido
E sem vida!
Parta...vá ao léu...encontra-nos em algum lugar.
Markoz Montello

quinta-feira, 19 de março de 2009

Preso num outro ser

Estou preso no recôndito da tua alma
Procurando me achar dentro de outro ser desconhecido
Tento esquecer as tuas mentiras e minhas decepções.
Devendo até os espíritos mais obscuros da existência.

Tu me tornaste apenas representação do teu mundo
Onde chorar é apenas a maneira mais singela
De dizer um não para o teu breve amante primaveril.

Eu, atrás de uma revira-volta, me movimentei em direção a ti.
Tentando reatar o que sobrou de uma pequena história
Mas, como já esperava, tu deu de ombros para a felicidade
E aí, história se tornou sonho, imagens.

Sei o quão difícil é comrpreender o silêncio de uma mulher.
E digo: isso não é tarefa para os mortais de um lugar repleto
de mudanças casuais.

Um dia vai passar esse infortúnio que está atrelado
a minha vida, vida essa, que sou dono, pois como
sei, vida são apenas momentos vividos cotidianamente
com coisas que vão e vem, mas você sempre vai estar entre
o transceder e o aparecer para algo desconhecido em mim,
que desejo veemente encontrar, pra enfim, te largar
e esse meio termo que me incomodava vai desaparecer
para o nada, pois ele, como nada, não existirá para nós dois,
nem sequer no depois.
Markoz Montello